Saturday, March 25, 2023
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Comissões Diocesanas Receberam 26 Queixas De Abusos
Saturday - Feb 4, 2023
Comissões Diocesanas Receberam 26 Queixas De Abusos
O ex-procurador-geral da República José Souto Moura revelou, em Fátima, que as Comissões Diocesanas de Proteção de Menores receberam, até este sábado, 26 participações de abuso em todo o país. Segundo o presidente da Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas e Castrense de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, este número permite várias interpretações: "Ter havido 26 casos reais, ter havido mais, mas apenas só 26 [vítimas] terem participado, haver quem tenha comunicado [casos] à Comissão Independente e não tenha querido duplicar as queixas, alguma desconfiança em relação às comissões" da Igreja para lhes fazer chegar as denúncias.
 
Souto Moura, intervindo no I Encontro Nacional das Comissões Diocesanas e Castrense de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, que este sábado decorre em Fátima e que assinala o primeiro aniversário da criação da Equipa de Coordenação, assumiu que este é um tempo de "adotar uma postura de ausência de ambiguidades" e de grande responsabilidade por parte das estruturas da Igreja, tendo sempre presente as palavras do Papa Francisco sobre o abuso sexual no seio do clero: "Um só caso é uma monstruosidade" e deve haver "tolerância zero" em relação a estas situações.
 
A uma semana da Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, apresentar o relatório sobre a situação em Portugal, Souto Moura disse que, a partir de agora, "quem fica [no terreno, a ouvir as potenciais vítimas] são as comissões diocesanas", as quais devem "ser um motor de confiança da Igreja e motivo de credibilidade" para os queixosos.
 
Na ocasião, o ex-procurador-geral da República deixou um desafio para reflexão, sobre se a questão dos abusos "é ocasional ou sistémica", ao qual o padre Pereira de Almeida, vice-reitor da Universidade Católica respondeu minutos depois: "Quase parece uma epidemia, mas não é da natureza da Igreja".
 
Por sua vez, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, sublinhou que a situação de abusos sexuais na Igreja "é a contradição absoluta em relação ao que é professado na Igreja" e agradeceu aos membros das comissões diocesanas, face à "realidade penosa" com que têm de lidar e para a qual são necessárias "coragem e decisão".
 
Quanto ao relatório que a Comissão Independente vai revelar, a análise que a Igreja vai fazer é no sentido de que haja "consequências operativas". No dia 10 de janeiro, a CEP assegurou estar preparada para "tomar medidas adequadas" que se imponham pelo relatório da Comissão Independente que estuda os casos de abusos na Igreja. O relatório será apresentado no dia 13 de fevereiro, em Lisboa, e nesse mesmo dia a Conferência Episcopal emitirá um comunicado com a sua primeira reação. O documento ser-lhe-á entregue por Pedro Strecht no dia anterior.

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